Por Patrícia Cunegundes
Jornalista
Temos visto nos últimos dias uma desvalorização significativa do euro, cotado ao nível mais baixo dos últimos 20 anos em relação ao dólar, praticamente equiparado, o que reflete em temor de recessão na Europa. E você deve estar se perguntando: “E eu com isso?”.
Se você não tiver planos de viagem para algum país europeu ou se seu fundo de pensão não tiver investimentos no exterior, isso pode não significar muita coisa. Mas se os gestores de investimentos da sua entidade aderiram à “modinha” de aplicar parte dos recursos lá fora, é bom ficar de olho e acompanhar bem os resultados do seu plano, pois um risco de recessão na Europa pode significar riscos para outras regiões do mundo, com muita flutuação cambial.
O que tem acontecido é que nem todos os fundos de pensão brasileiros que estão investindo ativos no exterior têm contratado operações de hedge – um tipo de proteção contra os riscos da variação cambial, neste caso, mas pode ser de outras operações financeiras. Eles fazem isso porque contratar uma operação de hedge encarece o investimento e também porque consideram o risco cambial interessante, desprezando o fato de que se trata de recursos de terceiros e o câmbio é a única variável de risco que não há como projetar, tecnicamente, comportamentos futuros, diferentemente de risco de crédito ou de mercado, por exemplo, conforme explica o economista José Roberto Ferreira, sócio-diretor da Rodarte Nogueira & Ferreira. “Seria o mesmo se operassem hedge apenas com finalidade especulativa e não de proteção, o que não é compatível com o dever fiduciário dos dirigentes e Conselheiros”, avalia.
Marcel Barros, presidente da Anapar, afirma que investir ativos no exterior não significa diversificação. “Na verdade, é apenas o mesmo risco com renda variável associado ao risco cambial. Ou seja, se os fundamentos econômicos do país vão bem, sua moeda se valoriza e isso pode trazer perdas ao fundo. O contrário seria apostar contra a moeda local, algo que acredito seria profundamente danoso a todos os trabalhadores”, completa.
Além disso, o presidente da Anapar salienta que não há porque levar o patrimônio do trabalhador brasileiro para correr riscos no exterior, financiar a dívida de outros países e ainda gerar riqueza e renda por lá, sendo que temos inúmeras possibilidades de investimentos no Brasil. A Anapar defende que recursos do trabalhador que contribuiu a vida inteira para garantir uma aposentadoria digna devem ser aplicados para contribuir para o crescimento e para a geração de emprego e de renda no país – obedecendo normas de governança e buscando, obviamente, os melhores resultados para cumprir os compromissos de longo prazo com seus participantes.
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