A Associação de Profissionais da Celesc (APC) realizou segunda-feira, 28 de outubro, o evento “Desmistificando a Previdência Complementar”, que trouxe ao auditório Milan Milasch, na Administração Central da Celesc em Florianópolis, renomados especialistas para discutir práticas, oportunidades e desafios da previdência complementar. O evento foi transmitido online para todas as Agências Regionais da Celesc, ampliando o alcance das discussões e dos insights compartilhados.
Entre os palestrantes, Marcel Juviniano Barros, presidente da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Saúde Suplementar de Autogestão (ANAPAR), foi um dos destaques ao abordar questões cruciais como déficit e rombo em fundos de pensão, além das oportunidades em investimentos em cenário de equilíbrio fiscal. Em sua fala, Marcel ressaltou a importância de diferenciar “déficit” de “rombo”, termos frequentemente confundidos, mas que possuem implicações financeiras distintas. “O déficit, em muitos casos, pode ser uma questão momentânea e controlável com ajustes de estratégias. Já o desequilíbrio pode ser um problema de solvência e representa uma situação mais grave, de falta de sustentabilidade a longo prazo”, destacou Barros, explicando que o entendimento claro dessas diferenças é essencial para a transparência e a segurança dos participantes.
Marcel também enfatizou o potencial dos investimentos realizados com os recursos poupados pelos trabalhadores. Lembrou que o País passa por um processo de equilíbrio de suas contas e reformas no campo tributário o que obrigará um movimento de diversificação nos investimentos para fundos de pensão. Salientando que algumas classes de ativos como a renda variável, aí incluídos os FIP’S, embora apresentem maiores riscos, podem gerar retornos significativos quando bem estruturados e geridos. Lembrou que a renda fixa privada também é uma alternativa que precisará ser analisada pelos gestores.
No que diz respeito à renda fixa, Marcel apontou a importância da segurança oferecida por essa classe de ativos, especialmente em tempos de volatilidade econômica. “Investir em renda fixa é uma forma de garantir solidez, principalmente em períodos de instabilidade. Porém, é preciso ter em mente que as taxas pagas atualmente não se manterão por muito tempo. Quando esses papéis pagarem taxas menor que as metas atuariais será preciso rever a política de investimento para não prejudicar a rentabilidade dos recursos. Citou ainda o problema da obrigatoriedade de marcação desses papeis à mercado neste momento, medida que precisa ser revista para não provocar volatilidade e dificultar o ajuste entre ativos e passivos dos planos.
Por fim abordou o problema da ingerência política na gestão dos fundos, afirmando que, sim, ela existe, e apontou como exemplos a resolução CNPC 43 que obriga a marcação de títulos públicos à mercado, causando volatilidade nos resultados; a resolução CMN 4994 que impede o investimento em imóveis físicos e determina o desfazimento das carteiras das entidades até 2030 pelas entidades brasileiras, enquanto as internacionais continuam investindo nessa classe de ativos pelo sua aderência à necessidade de caixa dos fundos de pensão em geral e finalizou citando um recente projeto de lei apresentado ao senado federal que determina criação de perfil com 100% de títulos de renda fixa e proíbe investimento em letras de créditos de desenvolvimento. “E quando as taxas dos títulos públicos ficarem abaixo das metas os participantes fazem o que? Amargam déficits e planos de equacionamento e perdem seus benefícios? Investir em LCD tem que ser uma decisão da gestão, avaliados os riscos, garantias e pertinência do investimento.
Além de Marcel Barros, o evento contou com a participação de Jarbas Antônio De Biagi, diretor-presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), e Ivecio Pedro Felisbino Filho, diretor-presidente da Fundação CELOS de Seguridade Social e membro do Conselho de Administração da CELESC. Ambos contribuíram com perspectivas valiosas sobre as práticas de gestão dos planos de previdência, com foco na segurança financeira e na transparência para os beneficiários.
O encontro, segundo a APC, teve como objetivo principal desmistificar temas complexos da previdência complementar, promovendo o entendimento e a confiança nos sistemas de previdência entre os trabalhadores da Celesc. A busca por alternativas seguras e rentáveis de investimento foi um dos principais focos das palestras, com os especialistas incentivando a adoção de uma visão de longo prazo que assegure a tranquilidade financeira na aposentadoria.
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